Resumo: Mark Twain, Aventuras de Tom Sawyer

Mark Twain guarda grande notoriedade devido ao seu estilo bem humorado e questionador. Um dos escritores de livros mais lembrados da América tem essa fama em grande parte devido às Aventuras de Tom Sawyer, e os outros livros que escreveu de forma simples e com naturalidade.

Escritores utilizam como referência as suas experiências já vividas para contar histórias novas. Recolhem momentos únicos, retiram reflexões positivas e negativas do que mais os comove para então colocar nos livros.

Com Mark Twain não foi diferente: o autor retirou essa história de sua vida e de sua mente que questionava o modo de viver da época. É importante salientar que o livro não foi escrito exatamente para ler para as crianças. É um livro sobre crianças para adultos lerem.

O também autor de “O estranho misterioso” nos mostra uma reflexão sobre a vida americana em questões de guerra, religião e afetividade – e como isso também influencia o modo como as crianças crescem.



Personagens

O livro tem vários personagens que servem de exemplo para refletir, veja:

1. Tom Sawyer

O garoto (personagem principal do livro) é o resultado da mistura entre as personalidades de três meninos que o autor conheceu. Foi criado pela tia, que tem grande papel na história. Gosta de uma garota no colégio chamada Becky. Apaixonou-se por ela e os dois tiveram envolvimento romântico.

A criança é uma personificação de alguém levado, sorrateiro, que apronta peças, se aproveitando dos outros. Mas ele faz isso para mostrar que a esperteza nos gera muitas saídas de situações problemáticas. Tom é um garoto que está a descobrir a vida, e tem seus anseios e caprichos como qualquer criança.

Vive em um contexto onde sua educação é colocada como prioridade, porém, aí entram as questões: a escola está sendo realmente efetiva para melhorar a educação do garoto? Ou a tia o obriga a ir à escola não só por que se preocupa com ele, mas também para que ele não fique a importunando em casa?

No começo do livro vemos situações que nos levam até esses questionamentos. A tia de Tom está o interrogando para saber se ele estava nadando, algo que o diverte muito, ou se tinha ido à escola. O livro tenta passar essa lição de que a infância deve ter as descobertas e divertimentos necessárias para formar o caráter do ser humano.

“Tom nunca foi o menino-modelo da aldeia. Sabia muito bem qual era esse menino, mas o detestava”.
(Essa é a parte onde a tia Polly fica verificando se o Tom havia nadado ou não e faltado na aula por isso ㅡ para brincar).

2. Tia Polly

“Como muita gente simples, tia Polly tinha a fraqueza de jogasse um grande talento para o detetive smooth considerando as suas mais ingênuas arapucas verdadeiras maravilhas de habilidade.”

“O garoto tem o demônio no corpo, mas que fazer? É filho de minha falecida irmã, o coitadinho, e não tenho coragem de surrá-lo. Cada vez que eu o deixo escapar, a minha consciência dói; e, se o agarro, o que dói é meu coração. Homem que nasce de mulher dura pouco e vive na aflição, diz a escritura – E eu concordo.” 


3. Huckleberry Finn

Huckleberry Finn era temido e cordialmente odiado por todas as mães por ser vagabundo, vulgar e mau — mas principalmente por “circular o mundo totalmente livre ponto dormirás na soleira das portas no tempo bom e e galpões vazios nas noites de chuva.

Não tinha obrigação de ir à escola, nem a igreja, nem de obedecer a ninguém. Podia pescar ou nadar quando e quanto quisesse. Ninguém o proibia de brigar nem de ficar fora de casa até não querer mais. Era sempre o primeiro essa cara os sapatos na primavera e o último a calçar-se no fim do outono.

Não tinha nunca que tomar banho e podia dizer todos os nomes. Possuía uma admirável coleção de pragas. Em suma, gozava a liberdade de fazer tudo quanto faz da vida uma coisa boa. Eram como pensavam todos os meninos decentes da cidade, os meninos governados pelos pais e mais a gente grande que toma conta dos meninos.



“Tom ponderou consigo que afinal de contas este mundo não é tão mal feito assim. Sem saber, descobriu uma grande lei humana: que para alguém desejar intensamente uma coisa é preciso que essa coisa seja difícil de alcançar.”

Tom Sawyer faz o seu amiguinho trabalhar para ele

Tirando o fato de o garoto parecer um "folgado", podemos notar a representação da "esperteza": temos um caso de estímulo para fazer com que os outros tenham iniciativa de agir:

Tom consegue convencer o amigo Ben de que trabalhar pintando cercas é muito agradável apenas com a conversa. Ben, entrando no jogo, pediu para fazer o trabalho que Tom estava fazendo. E Tom disse “a tia Polly não irá deixar… sabe como ela é muito exigente. Não há um menino entre dois mil que possa fazer o que ela quer”.

Após Tom provocar as habilidades do garoto desta forma, o amigo ficou decidido que faria o árduo trabalho no lugar do encarregado de pintar a cerca, simplesmente porque era bom. Ben fez isso “chantageando” Tom: “lhe dou uma maçã se você me deixar fazer seu trabalho”. Como resposta, Tom estava muito alegre internamente, tudo o que ele queria era não trabalhar.

Sawyer sentou-se e ficou observando o amigo que acabou de lhe dar uma maçã para fazer o trabalho. Apareceram outros garotos trocando objetos em troca de fazer o trabalho, convencidos pela mesma história de que era bom trabalhar. Tom Sawyer ganhou muitas coisas, vários garotos deram objetos para ele. A ponto dele sair da situação se denominando como “Rico”.

Tom, ao ser interrogado porque o trabalho era bom, disse: “Pode ser que seja, pode ser que não seja. Só sei que me agrada”.

O menino, nesse caso, utiliza duas estratégias psicológicas:
  • a primeira, de duvidar da capacidade do outro, com o objetivo de que a pessoa faça um serviço. Esse questionamento deve ser feito de maneira amigável, porque se você duvidar de alguém de forma agressiva, irá afastar a pessoa para imensamente longe de você.
  • a segunda, dizer que “é bom” como opinião pessoal, fazendo com que mesmo você dizendo que é ruim, não anule o fato da outra pessoa achar boa, porque afinal de contas, é uma opinião.
É interessante notar que o autor conhece essas estratégias sociais representadas nas crianças, que utilizam dos mais variados artifícios para ganharem o que querem. Afinal, o instrumento que uma criança tem para convencer é a fala, não? Os adultos podem prestar serviços, dar dinheiro. Mas uma criança deve convencer através da mente.




Mark Twain expõe um pouco de humor

Através de partes na história, o autor aproveita para brincar com as paixões dos garotos por um canivete falsificado que imitava um caro original da época:
  • Página 33: “Tom é chantageado e ganha um “presente lindo”. Era um canivete Barlow novinho que valia 12 centavos. O garoto teve um terremoto de prazer e o canivete não cortava grande coisa. Mas era “Barlow legítimo”, o que era uma coisa muito importante. Não se sabe como nasceu entre os meninos daquele tempo a ideia de tal canivete pudesse ser falsificado.” (Tom de brincadeira)
Assim como os "preconceitos" do pai do garoto perante ao desconhecido:
  • “Como seu pai sabia que estava sendo enfeitiçado?” “Papai sabe conhecer muito bem. Ele diz que quando estão encarando muito é porque o estão embruxando.. Principalmente se estiverem resmungando! O resmungo é o pai nosso que estais no céu ao contrário!”


Resumo

O livro é simples, de fácil digestão. É visto como um clássico devido ao seu valor histórico, em um período de constante crescimento nos Estados Unidos, resquícios de guerra e escravidão. Nos casos dos garotos e suas experiências infantis, vemos momentos velados de humor do autor. A tradução de Monteiro Lobato é bem feita, como se tivesse sido escrito hoje em dia. Eu recomendo ler uma página do livro para saber se irá gostar do resto.


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Não se esqueça de ver o grande e memorável filme “O estranho misterioso”. Lembram dele passando no SBT há 10 anos atrás?
Veja mais sobre o grande filme, a vida de Mark Twain e suas curiosidades.

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