Se sim, não és o único, todos nós passamos por isto. Entretanto, já parou para pensar de onde vem e quais são as causas da aparição destes seres chamados de "almas penadas"? O historiador Fustel de Coulanges nos diz que estes vêm de um passado bem longínquo, na Grécia antiga.
Despertamos tua curiosidade? Então venha conosco conhecer os Fantasmas da Grécia Antiga!
Você está prestes a descobrir que os fantasmas que tanto temem são gregos e que só querem descansar em paz, rs. Sem mais enrolações, vamos aos Fantasmas da Grécia antiga:
Nem os gregos épicos escapam da dona Morte |
Numa Denys Fustel de Coulanges é considerado, por muitos, o melhor historiador da França devido ao seu longo estudo da cultura grega do mundo antigo e, em um de seus estudos, ficou intrigado (talvez depois da aparição de algum parente arcaico do Gasparzinho) com os funerais e o trato dos corpos dos mortos nos tempos antigos.
O mesmo, após longas análises de texto, chegou à conclusão de que a alma precisava de trato após a morte para que pudesse morrer completamente. É... eu sei... você ficou confuso. Não se preocupe! Nós, os Antiquos, explicaremos.
Deuses gregos retratados em estátuas | Foto por: mari_sparrow - Pixabay |
Costumes da Grécia antiga
Para ter um fim adequado, todo grego desejava ser cortejado (homenageado em um sepultamento) e depois enterrado ou cremado, ritos comuns do mundo antigo.
Eram oferecidos alguns objetos para os mortos, tais como:
- Vestidos para que se estivessem belos e sem frio.
- Vinho para matar a sede.
- Alimentos para matar a fome.
Às vezes, até se matava um cavalo ou um escravo para que pudesse servir ao morto em um outro mundo. Este costume muitas vezes não era seguido e era uma pratica mais vigorosa no oriente médio.
Mais algumas regras que aconteceriam caso o falecido não tivesse a sua homenagem final:
- O morto que não passava por esse ritual não tinha morada; não podia descansar nem ir para outro plano (se é que os Deuses lhe aguardavam isto).
- Não tinha paz, nem descanso, pois sua alma estava longe de casa e isto a faria sentir saudades.
- Sem poder voltar, com fome e sem ter um corpo para comer, com sono sem ter corpo para descansar, os fantasmas ficavam presos e a vida se tornava um inferno.
Para se ter uma ideia, ser morto e não ser enterrado era tão ruim para um grego que até tentavam negociar com os inimigos para que não ficassem sem os cortejos fúnebres.
O processo era difícil e essencial porque:
- Não se acreditava que os homens fossem para uma morada celestial (isto era para poucos homens... os célebres).
- Nem acreditavam que o espírito imortal, uma vez fora do corpo, tomaria outro (como dizem as possessões que vemos nos filmes).
- Eles simplesmente acreditavam que as almas continuavam no mesmo plano que nós... repousando eternamente nos seus túmulos que precisavam serem fechados com alguns rituais. Logo após havia a despedia e era enterrado o morto, aí ele descansava (assim como fazemos e acreditamos hoje).
.....Lembrando que:
O importante não era ser cremado ou enterrado. Mas sim ter funerais para que a alma pudesse descansar. Senão ela estaria indo sem um acordo com os irmãos viventes.
Alguns registros que ficaram marcados na história sobre os gregos acreditarem no ritual de despedida permanecem até hoje, feitos por Homero e Píndaro, nos trechos:
Fantasmas na Ilíada de Homero
Na Ilíada, Heitor, príncipe de Tróia, propõe um trato a Aquiles, pedindo-lhe: “Rogo-te por teus joelhos, por tua vida, por teus pais; não dê meu corpo aos cães junto aos navios gregos; aceite o ouro que meu pai te oferecerá e mande meu corpo para que os troianos possam me prestar as devidas honras na fogueira”.
Engraçado, não?! O grande e corajoso Heitor de Troia tinha medo de virar uma alma penada.
Poeta Grego: Píndaro
Píndaro, na Pythian IV, nos dá o relato de um homem que foi obrigado a deixar a Grécia e morreu em outro país e, mesmo estando morto, não descansou até sua alma ser levada para solo pátrio (de onde sentia muita saudade) para poder matar essa falta sentimental e ser findada finalmente em um túmulo.
Grega carregando uma Hídria de água | Foto por: Anna Shvets |
Curiosidades na Grécia Antiga
Na Grécia havia um contexto ético que costumava punir os nativos que saíssem fora do que era avaliado como sensato. Essas ações geraram os fatos:
Em Atenas, o general que não trouxesse o corpo de seus homens que morreram em combate era condenado pelo estado por “impiedade com os que já se foram”.
Pois o militar estava condenando seus compatriotas a sofrerem eternamente sem poder descansar e, com isto, viravam as almas penadas que atormentavam os homens pelas esquinas atenienses.
Bandidos perigosos tinham como pena o “não sepultamento”.
E isto era tão desesperador que os fazia implorar por qualquer pena (até mesmo a escravidão) visando ser poupado de “vagar eterno”, já que o sepultamento adequado era necessário para os gregos.
Imagine: se além de condenado a morte, fosse condenado a viver com culpa e preso no mundo físico... o desespero destes homens era compreensível, não acha?
Acredita-se que suicidas também viravam fantasmas.
Entretanto, não se importavam com as misérias da falta mais do que se importavam com o motivo que os fizeram se matar.
Imagine-se chegando em Leucadê - ilha grega - e vendo Safo, uma grande poetisa da Grécia antiga. Com ela chorando e esperando a volta do barco de Faón, seu grande amor não correspondido. 🖤 Você correria ou subiria a montanha para chorar junto?! ;p
Existem contos de que a artista morreu pulando do alto de um penhasco por causa desse amor. A dor de viver sem o que amava, para ela, nessa história, era mais grave do que ser um fantasma rondando na Grécia no pós-vida.
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Esses foram alguns exemplos sobre os contos que cincurdam os fantasmas gregos.
Você já pensou na possibilidade de aquela porta rangendo de madrugada ser o seu tio avô da Grécia antiga querendo ser enterrado?
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